Tomar a decisão de encerrar uma startup é um dos momentos mais difíceis na jornada de um empreendedor. Mesmo com todo o planejamento estratégico, equipe talentosa e investimento adequado, algumas empresas simplesmente não atingem o crescimento esperado. Mas como identificar o momento certo para encerrar as operações e seguir em frente? Neste artigo, compartilhamos valiosas perspectivas de Mike Krieger, cofundador do Instagram e ex-CTO da Artifact, sobre quando é hora de virar a página e como fazer isso de forma construtiva.
Antes de mergulharmos no tema principal, é importante conhecermos a trajetória de Mike Krieger. Atualmente atuando como Chief Product Officer na Anthropic, uma empresa de inteligência artificial em São Francisco, Krieger é mais conhecido por ter cofundado o Instagram em 2010, onde permaneceu como CTO até 2018.
Nascido no Brasil, Krieger teve seu primeiro contato com computadores aos quatro anos de idade, graças ao seu pai. Essa experiência precoce despertou sua curiosidade sobre como as coisas funcionavam. Contudo, por não ter referências de carreiras em tecnologia no Brasil daquela época, só percebeu que poderia transformar esse interesse em profissão quando chegou à Califórnia.
Na Universidade de Stanford, Krieger cursou Sistemas Simbólicos, um programa único que combina ciência da computação, design, filosofia e psicologia. Foi lá que ele aprendeu princípios fundamentais que o acompanhariam por toda sua carreira: solucionar problemas reais, valorizar protótipos e formar equipes complementares.
O Instagram surgiu em um momento crucial: 2009, quando smartphones começavam a ter câmeras melhores, mas ainda não existiam muitas redes sociais nativas para dispositivos móveis. Krieger e seu cofundador Kevin Systrom trabalhavam inicialmente em um aplicativo chamado Burbn, focado em compartilhamento de localização.
O momento definidor veio quando perceberam que precisavam simplificar o produto. Ao remover funcionalidades que não estavam funcionando e focar apenas no compartilhamento de fotos e conexões sociais, eles deram vida ao Instagram. Esta decisão ilustra um princípio fundamental no desenvolvimento de produtos: identificar o verdadeiro valor para os usuários e eliminar tudo que seja distração.
Após a aquisição pelo Facebook, Krieger aprendeu que mesmo empresas grandes podem manter elementos da cultura de startup. Hackathons regulares, valorização da experimentação e o equilíbrio entre crescimento e agilidade foram lições importantes que ele levou para seus próximos empreendimentos.
Em 2021, Krieger e Systrom fundaram a Artifact, uma plataforma de notícias baseada em aprendizado de máquina que personalizava conteúdo para os usuários. Apesar da tecnologia avançada, a startup enfrentou desafios significativos:
Após um ano no mercado e várias tentativas de ajustes, a equipe percebeu que não estava conseguindo mudar a trajetória da empresa. Foi então que tomaram a difícil decisão de encerrar as operações.
Krieger compartilha uma estratégia valiosa que utilizou com seu cofundador: eles listaram todas as ideias que ainda tinham para tentar salvar o negócio, priorizaram as três mais promissoras e estabeleceram um prazo. Se após implementá-las não houvesse mudança significativa na trajetória da empresa, seria hora de encerrar.
No início de 2024, após implementar essas últimas ideias sem o resultado esperado, eles tomaram a decisão de encerrar a startup. Krieger enfatiza: “É importante ser concreto, seja com uma data ou com um conjunto de projetos, para saber quando seguir em frente.”
De acordo com Krieger, empreendedores frequentemente carregam um peso excessivo nos ombros e se sentem na obrigação de continuar mesmo quando os sinais indicam o contrário. Ele oferece algumas reflexões importantes:
Muitos fundadores ficam presos na ideia de que precisam continuar porque seus investidores esperam isso deles. No entanto, Krieger destaca que os investidores geralmente entendem que nem todas as startups terão sucesso – isso faz parte do modelo de negócios deles.
“Verifique com seus investidores. Muitas vezes, quando você já tentou de tudo, eles mesmos dirão que é hora de encerrar e seguir em frente.”
Alguns sinais que podem indicar que é hora de reavaliar a continuidade do negócio:
Krieger enfatiza que encerrar uma startup não é motivo para celebração, mas também não precisa ser uma tragédia. É uma experiência de aprendizado valiosa e parte natural do ecossistema empreendedor.
Nunca é uma celebração, mas não precisa ser uma tragédia.
A experiência com a Artifact trouxe aprendizados que Krieger aplicou em seu trabalho na Anthropic, onde atualmente desenvolve a IA Claude:
Os usuários não adotam produtos apenas pela tecnologia avançada subjacente. O produto precisa resolver um problema real e oferecer valor imediato, mesmo para iniciantes.
É crucial desenvolver mecanismos para captar rapidamente as intenções e preferências dos usuários, proporcionando valor desde a primeira interação.
O Artifact exigia muito investimento de tempo dos usuários antes de entregar valor personalizado. Produtos bem-sucedidos precisam equilibrar a promessa futura com benefícios imediatos.
Um tema recorrente nas reflexões de Krieger é o valor de uma equipe excepcional. Ele destaca características fundamentais:
Krieger observa que as grandes inovações geralmente surgem quando as pessoas estão próximas dos detalhes, compreendem o que pode ser melhorado e propõem ideias proativamente, sem esperar por diretrizes de cima.
Encerrar uma startup pode ser doloroso, mas também representa uma oportunidade de crescimento e renovação. Como demonstra a trajetória de Mike Krieger – do Instagram à Artifact e agora na Anthropic – cada capítulo traz aprendizados valiosos que moldam o próximo.
Lembre-se de que o verdadeiro fracasso não está em encerrar um negócio que não funcionou, mas em permanecer preso a ele por tempo demais, perdendo oportunidades de criar algo com maior impacto. Se você está enfrentando essa difícil decisão, estabeleça critérios claros, converse abertamente com seus investidores e equipe, e permita-se encarar o fim como o começo de algo novo.
Que tal refletir hoje sobre seu próprio empreendimento? Está na trajetória certa ou talvez seja hora de considerar um novo caminho? O importante é avançar com consciência, aprendendo com cada experiência e mantendo o foco em criar valor genuíno para seus usuários.
Este artigo foi baseado no vídeo abaixo. Se preferir, você pode assistir ao conteúdo original:
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