Você provavelmente já deve ter ouvido falar ou até mesmo utilizado o GPT-4.5, o modelo de linguagem da OpenAI que surpreendeu usuários ao redor do mundo com capacidades impressionantemente avançadas. O que muitos não sabem, porém, são os desafios monumentais enfrentados pela equipe que desenvolveu esta inovação tecnológica.
Por trás de cada resposta inteligente e cada solução criativa apresentada pelo GPT-4.5, existe um trabalho de engenharia e pesquisa que levou anos para ser concluído. Neste artigo, compartilhamos informações exclusivas dos bastidores da criação do GPT-4.5, diretamente das vozes dos engenheiros e pesquisadores responsáveis por esse avanço significativo na inteligência artificial.
De acordo com a equipe da OpenAI, o objetivo inicial estabelecido há cerca de dois anos era criar um modelo que fosse “10x mais inteligente que o GPT-4”. Este objetivo ambicioso demandou esforços extensivos em múltiplas frentes, desde a arquitetura de sistemas até algoritmos de aprendizado de máquina.
Alex, um dos líderes do projeto que trabalha com dados de pré-treinamento, Amin Chian, arquiteto-chefe de sistemas, e Dan, especialista em eficiência de dados e algoritmos, foram alguns dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do GPT-4.5. Eles compartilham que o projeto exigiu:
Um dos aspectos mais fascinantes revelados pela equipe é o desafio de escalar o treinamento para utilizar dezenas de milhares de GPUs simultaneamente. Segundo Amin, problemas que são raros em escala menor tornam-se “catastróficos” quando ampliados para a escala necessária para treinar o GPT-4.5.
Entre os principais desafios enfrentados estavam:
A equipe observou taxas de falha e variedades de falhas que provavelmente nem mesmo os fabricantes dos equipamentos haviam encontrado antes. Quando se opera com milhares de componentes de hardware, mesmo problemas com probabilidade baixíssima de ocorrência acabam aparecendo regularmente.
Para que o treinamento funcione adequadamente, praticamente todos os componentes precisam operar conforme o esperado, desde os aceleradores individuais (GPUs) até o tecido de rede que os interconecta. Qualquer falha em um único componente pode comprometer todo o processo.
Para o GPT-4.5, a equipe teve que desenvolver novas abordagens para o gerenciamento de estado e implementar treinamento distribuído em múltiplos clusters de computação, algo que não havia sido necessário para o GPT-4.
“Não teríamos sido capazes de treinar o GPT-4.5 na mesma infraestrutura que usamos para o GPT-4.” – Amin Chian
Uma das revelações mais surpreendentes compartilhadas pela equipe é que chegamos a um ponto de inflexão na história do desenvolvimento de IAs: não estamos mais primariamente limitados pela capacidade computacional, mas pela qualidade e quantidade dos dados disponíveis para treinamento.
Dan explica esse fenômeno de maneira eloquente:
“O transformer, o GPT, é espetacular em fazer uso produtivo dos dados. Ele absorve informações e as comprime e generaliza até certo ponto, mas há um teto para a profundidade de insights que ele pode obter dos dados. Em algum momento, conforme a computação continua crescendo, e os dados crescem muito mais lentamente, os dados se tornam o gargalo.”
Esta mudança fundamental está direcionando novos esforços de pesquisa para desenvolver algoritmos que possam aprender mais a partir da mesma quantidade de dados – um problema de eficiência de dados que representa a nova fronteira do campo.
Quando questionados sobre os momentos mais positivos durante o extenso processo de treinamento, a equipe compartilhou experiências fascinantes:
Alex mencionou o impacto surpreendentemente positivo das mudanças de ML feitas durante o próprio treinamento. Mesmo com o modelo já em fase de treinamento, a equipe continuou otimizando o código e os algoritmos, obtendo resultados melhores que o esperado.
Amin descreve a mudança tangível no moral da equipe quando, após semanas de trabalho árduo para resolver diversos problemas técnicos, finalmente conseguiram um grande aumento de desempenho:
“Vendo o momento em que toda a equipe, depois que alguns desses problemas foram resolvidos, conseguimos um grande impulso de desempenho… você podia sentir que a energia mudou, todo mundo ficou mais animado e motivado para levar tudo até o fim.”
Um dos momentos mais interessantes foi a descoberta de um bug no PyTorch (framework de aprendizado de máquina) que estava causando diversos problemas aparentemente não relacionados. Após muita investigação, a equipe descobriu que uma única falha na função de soma do PyTorch estava na raiz de múltiplos problemas que pareciam distintos.
Este bug estava ocorrendo com frequência muito baixa – apenas uma vez a cada mil etapas de treinamento – mas em um processo que envolve milhões de etapas, isso se tornava um problema significativo.
A equipe também refletiu sobre o futuro do desenvolvimento de modelos de linguagem cada vez maiores. Com as limitações atuais, eles estimam que talvez pudessem chegar a um “GPT-5.5” antes de encontrar barreiras intransponíveis usando apenas as técnicas atuais.
No entanto, Dan acredita que estamos “apenas arranhando a superfície” de algoritmos mais eficientes em termos de dados, sugerindo que avanços significativos ainda são possíveis com inovações algorítmicas.
Outro insight valioso foi a observação de que, embora treinar modelos na fronteira da tecnologia seja extremamente desafiador, retreinar modelos anteriores se torna progressivamente mais fácil com o conhecimento acumulado. A equipe estima que hoje seria possível retreinar o GPT-4 do zero com apenas 5 a 10 pessoas – uma fração do esforço original.
Um tema recorrente nas reflexões da equipe foi a importância da colaboração e perseverança diante de desafios aparentemente intransponíveis. Amin destacou como as barreiras entre equipes foram dissolvidas, com especialistas de ML continuando a otimizar o código mesmo após o início do treinamento, e engenheiros de sistemas trabalhando incansavelmente para resolver problemas de infraestrutura.
O processo também destacou a importância do planejamento meticuloso – este foi “de longe o projeto mais planejado” da história da OpenAI, segundo a equipe, com preparações iniciando um ano antes do treinamento propriamente dito.
No entanto, mesmo com todo esse planejamento, a flexibilidade para adaptar-se a desafios inesperados foi crucial para o sucesso do projeto.
Os insights compartilhados pela equipe do GPT-4.5 não são apenas interessantes do ponto de vista técnico – eles também oferecem lições valiosas sobre como enfrentar problemas complexos em qualquer campo.
A combinação de planejamento meticuloso com adaptabilidade, a perseverança diante de obstáculos aparentemente insuperáveis, e a disposição para questionar pressupostos estabelecidos são princípios que impulsionam não apenas o avanço da IA, mas a inovação em qualquer área.
À medida que continuamos a explorar as fronteiras da inteligência artificial, esses relatos dos bastidores nos lembram que, por trás de cada avanço tecnológico, há pessoas extraordinárias trabalhando incansavelmente para resolver problemas que, à primeira vista, parecem impossíveis.
Quer se aprofundar mais no mundo da IA? Inscreva-se em nossa newsletter para receber as últimas atualizações sobre avanços em inteligência artificial, insights técnicos e análises de especialistas diretamente em sua caixa de entrada.
Este artigo foi baseado no vídeo abaixo. Se preferir, você pode assistir ao conteúdo original:
A inteligência artificial está passando por uma transformação radical. Enquanto todos falam sobre construir agentes…
O desenvolvimento com inteligência artificial está revolucionando a forma como criamos aplicações, e os servidores…
O YouTube se estabeleceu como a plataforma de conteúdo mais duradoura e lucrativa da internet.…
O YouTube se tornou muito mais do que uma plataforma de entretenimento. Para profissionais e…
A inteligência artificial está redefinindo os limites do que consideramos possível. Em 2025, testemunhamos avanços…
A criação de aplicativos de inteligência artificial sempre foi considerada uma tarefa complexa, reservada apenas…