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O universo da inteligência artificial está em constante evolução, e uma das mais recentes e promissoras abordagens está transformando como interagimos com os grandes modelos de linguagem (LLMs). Se você trabalha com IA ou simplesmente está interessado nas últimas tendências tecnológicas, provavelmente já ouviu falar sobre RAG (Retrieval Augmented Generation). Mas você conhece o CAG? Esta nova metodologia está ganhando terreno rapidamente e pode ser a solução que você procura para seus projetos de IA.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é Cache Augmented Generation (CAG), como ele se diferencia do tradicional RAG, e quando utilizá-lo para obter resultados superiores. Além disso, mostraremos um exemplo prático de como construir um MCP (Multi-Component Process) utilizando CAG para processar documentação externa e extrair exemplos de código relevantes.
O que é Cache Augmented Generation (CAG)?
CAG, ou Cache Augmented Generation, representa uma alternativa ao popular método RAG (Retrieval Augmented Generation). A diferença fundamental está na forma como os dados são fornecidos ao modelo de linguagem:
- No RAG, realizamos uma busca em um banco de dados para recuperar apenas a porção mais relevante dos dados e inserimos essa informação na janela de contexto do modelo.
- No CAG, pré-carregamos todo o banco de dados diretamente na janela de contexto do modelo de linguagem.
Esta abordagem parecia impraticável há dois anos, quando os modelos de linguagem mais avançados possuíam janelas de contexto de apenas 4.000 tokens. No entanto, esse cenário mudou drasticamente. Hoje, os principais modelos suportam entre 100.000 e 200.000 tokens, com o Google Gemini chegando a impressionantes 2 milhões de tokens – 488 vezes mais do que tínhamos há 24 meses!
Para colocar isso em perspectiva, 2 milhões de tokens equivalem a aproximadamente 1,5 milhão de palavras. Um romance típico contém cerca de 990.000 palavras, e até mesmo “Guerra e Paz” de Tolstói possui apenas 587.589 palavras. Isso significa que os modelos atuais podem processar múltiplos livros inteiros em uma única janela de contexto.
RAG vs CAG: Entendendo as Diferenças
A Abordagem RAG Tradicional
O pipeline RAG tradicional segue estes passos:
- Preparo dos dados, transformando-os em um banco de dados vetorial com pequenos fragmentos de informação
- Quando há uma nova pergunta do usuário, ela é convertida em embedding
- Esta embedding é usada para pesquisar no banco de dados vetorial
- Os fragmentos mais relevantes (chamados de “top-k”) são recuperados
- Esses fragmentos, junto com a pergunta do usuário, são enviados ao modelo de linguagem
- O modelo gera uma resposta baseada nesse contexto limitado
Desafios do RAG
Apesar de sua popularidade, a abordagem RAG apresenta vários desafios:
- Complexidade de configuração: Requer criação e manutenção de bancos de dados vetoriais
- Latência adicional: Tempo gasto para converter perguntas em embeddings e recuperar fragmentos relevantes
- Problemas de precisão na recuperação: Como garantir que os fragmentos recuperados contenham todas as informações necessárias?
Um exemplo claro deste último problema ocorre ao dividir documentação de API em pequenos fragmentos. Um exemplo de código completo pode ser dividido entre diferentes fragmentos, fazendo com que o modelo receba apenas partes incompletas da informação.
A Simplicidade do CAG
Em contraste, o CAG oferece uma abordagem muito mais simples. Como todo o documento é inserido no contexto do modelo, a implementação pode ser extremamente concisa – em alguns casos, apenas 10 linhas de código são suficientes para criar um chatbot funcional para PDFs utilizando o modelo Gemini.
Não há necessidade de se preocupar com a recuperação correta de informações, pois tudo está disponível para o modelo consultar. Também não é preciso implementar todo o pipeline de vetorização e recuperação, o que simplifica consideravelmente o desenvolvimento.
Quando Usar CAG vs RAG
A decisão entre CAG e RAG deve ser baseada em vários fatores:
Opte por CAG quando:
- A base de conhecimento puder caber na janela de contexto do modelo
- A velocidade de implementação for importante
- Precisar de alta precisão na recuperação de informações específicas
- Estiver usando modelos como Gemini 2.0 Flash, onde o custo por token de entrada é relativamente baixo
Opte por RAG quando:
- Sua base de dados for extremamente grande e diversificada
- Os dados estiverem em constante crescimento, excedendo mesmo os limites de contexto modernos
- Precisar lidar com tipos de dados variados que se beneficiam de métodos de recuperação específicos
Em muitos casos, uma abordagem híbrida pode ser ideal: use métodos de busca tradicionais para selecionar quais documentos são mais provavelmente relevantes, e então alimente esses documentos inteiros para o modelo usando CAG.
Vantagens do CAG com Modelos Modernos
Precisão na Recuperação de Informações
Pesquisas recentes da Google demonstram que o Gemini 1.5 Pro apresenta uma recuperação quase perfeita de informações específicas em contextos de até 1 milhão de tokens. Com o lançamento do Gemini 2.0, os resultados são ainda mais impressionantes, com taxas de alucinação significativamente reduzidas em comparação com outros modelos de ponta.
Custo e Velocidade
Embora alguns modelos como GPT-4 possam ter custos elevados (cerca de $2,5 por milhão de tokens de entrada), alternativas como o Gemini 2.0 Flash oferecem preços muito mais acessíveis – aproximadamente $0,10 por milhão de tokens de entrada, o que representa uma economia de 96%.
Em testes práticos, alimentar toda a documentação para desenvolvedores de um serviço como Firebase ao Gemini 2.0 custou apenas $0,006 e produziu resultados em apenas 3,4 segundos – um desempenho notável considerando o volume de dados processados.
Exemplo Prático: Construindo um MCP com CAG
Vamos explorar um exemplo prático de como aplicar o método CAG para criar um assistente que pode trabalhar com documentação externa de APIs e extrair exemplos de código relevantes.
O Problema
Os modelos de linguagem tradicionais não possuem conhecimento atualizado sobre a documentação mais recente de APIs. Por exemplo, se pedirmos ao Gemini para gerar um código utilizando a API do FileCS sem contexto adicional, ele provavelmente fornecerá informações incorretas.
A Solução com CAG
Aqui está como implementamos uma solução baseada em CAG:
- Utilizamos o endpoint do FileCS para mapear todas as URLs sob um determinado domínio (no exemplo, encontramos 153 páginas)
- Filtramos essas URLs com a ajuda do Gemini para identificar apenas as páginas relevantes à referência da API (reduzindo para 27 páginas)
- Extraímos o conteúdo Markdown de cada uma dessas páginas
- Alimentamos todo esse conteúdo para o modelo Gemini junto com a consulta do usuário
- O modelo gera uma resposta precisa baseada na documentação completa
O resultado? Uma resposta precisa que identifica corretamente o endpoint e o formato do corpo da requisição, tudo isso a um custo de apenas $0,006 e um tempo de resposta de aproximadamente 2 segundos.
Para otimizações futuras, podemos implementar o recurso de cache de contexto do Gemini, que permitirá armazenar o contexto processado para consultas subsequentes, tornando as respostas ainda mais rápidas.
Transforme sua Abordagem com CAG Hoje
O Cache Augmented Generation representa uma mudança significativa na forma como construímos aplicações baseadas em grandes modelos de linguagem. Com janelas de contexto cada vez maiores, custos de processamento reduzidos e melhorias na recuperação de informações, o CAG se torna uma opção extremamente atraente para muitos casos de uso.
Experimente essa abordagem em seus projetos e veja como ela pode simplificar seu pipeline e melhorar a precisão das respostas. Lembre-se de utilizar ferramentas como o Headon para monitorar o desempenho, custos e latência de suas chamadas aos modelos de linguagem, permitindo otimizações contínuas.
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Perguntas Frequentes
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