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Inteligência Artificial em 2025: Impactos Atuais Que Devemos Enfrentar Antes de Temer o Apocalipse

Em um mundo onde a IA domina headlines diariamente, entre descobertas revolucionárias e previsões apocalípticas, chegou o momento de conversarmos sobre os impactos reais e imediatos que esta tecnologia já causa em nossas vidas. Como especialistas em tecnologia, precisamos olhar além das manchetes sensacionalistas e focar nos desafios tangíveis que enfrentamos hoje.

Os avanços da IA em 2025 são impressionantes – desde sistemas que propõem novas moléculas para medicamentos até chatbots que interagem quase indistinguivelmente de humanos. Mas enquanto debates sobre “riscos existenciais” e “singularidade” dominam as conferências globais, problemas práticos como sustentabilidade ambiental, direitos autorais e preconceitos algorítmicos permanecem insuficientemente abordados.

Neste artigo, baseado nas pesquisas de especialistas como Sasha (pesquisadora com mais de 10 anos de experiência no campo), exploraremos os impactos atuais da IA e as ferramentas que podem nos ajudar a construir um futuro tecnológico mais responsável.

O Custo Ambiental da IA Que Ninguém Comenta

A “nuvem” onde residem os modelos de IA não é etérea como sugere o nome – é feita de metal, plástico e consome quantidades enormes de energia. Cada consulta a um modelo de IA tem um custo ambiental significativo.

Em 2023, a iniciativa BigScience reuniu mais de mil pesquisadores para criar o Bloom, um modelo linguístico de grande dimensão semelhante ao ChatGPT, mas com ênfase em ética e transparência. Os estudos revelaram dados alarmantes: o treinamento deste modelo consumiu tanta energia quanto 30 residências durante um ano inteiro e emitiu 25 toneladas de CO₂ – o equivalente a dar cinco voltas ao planeta de carro.

Para contextualizar, outros modelos como o GPT-3 emitem 20 vezes mais carbono que o Bloom. E o mais preocupante: as empresas de tecnologia raramente medem ou divulgam esses dados ambientais.

A Tendência do “Quanto Maior, Melhor”

Nos últimos cinco anos, testemunhamos um crescimento exponencial no tamanho dos modelos de IA – aumentando cerca de 2000 vezes. Pesquisas recentes demonstram que substituir um modelo menor e eficiente por um modelo linguístico maior resulta em 14 vezes mais emissões de carbono para realizar a mesma tarefa.

Com a proliferação da IA em smartphones, motores de busca, eletrodomésticos e assistentes inteligentes, este impacto ambiental se multiplica rapidamente. Em 2025, com a massificação de dispositivos conectados, este problema torna-se ainda mais crítico.

Ferramentas Para Medir e Mitigar

Felizmente, existem soluções emergentes como o CodeCarbon, uma ferramenta que funciona paralelamente ao código de treinamento da IA, calculando o consumo energético e as emissões de carbono resultantes. Esta tecnologia permite fazer escolhas mais conscientes, como:

  • Selecionar modelos mais sustentáveis para aplicações específicas
  • Implementar modelos de IA em infraestruturas alimentadas por energias renováveis
  • Otimizar algoritmos para reduzir o consumo energético

Com a pressão crescente por responsabilidade corporativa em 2025, estas métricas tornaram-se essenciais para empresas que desejam demonstrar compromisso com práticas sustentáveis.

IA e Direitos Autorais: A Arte Como “Buffet à Discrição”

Um dos problemas mais controversos envolve o uso não autorizado de obras artísticas e literárias para treinar modelos de IA. Artistas e autores enfrentam dificuldades para provar que seu trabalho foi utilizado sem consentimento.

A organização Spawning.ai, fundada por artistas, desenvolveu uma ferramenta chamada “Já Fui Treinado?” que permite pesquisar em grandes conjuntos de dados para verificar se trabalhos específicos foram usados para treinar modelos de IA. Esta ferramenta tornou-se crucial para artistas como Karla Ortiz, que utilizou as evidências encontradas para iniciar processos judiciais contra empresas de IA por violação de direitos autorais.

Em resposta a estas preocupações, a Spawning.ai em parceria com a Hugging Face criou mecanismos de inclusão e exclusão para conjuntos de dados de treinamento. Esta iniciativa representa um passo importante para garantir que criações humanas não sejam exploradas indiscriminadamente pela indústria de IA.

Preconceitos Algorítmicos: Quando a IA Amplifica Desigualdades

O preconceito em sistemas de IA ocorre quando modelos codificam padrões e crenças que reforçam estereótipos raciais, de gênero e outras formas de discriminação. Estes não são problemas teóricos – têm consequências reais e graves.

A Dra. Joy Buolamwini, pioneira na pesquisa sobre viés algorítmico, descobriu que sistemas comuns de reconhecimento facial têm desempenho significativamente pior para mulheres negras em comparação com homens brancos. Quando implementados em contextos como aplicação da lei, estes sistemas podem resultar em acusações falsas e até prisões injustas.

Um caso emblemático foi o de Porcha Woodruff, grávida de oito meses, que foi falsamente acusada de roubo de automóvel devido a uma identificação incorreta por um sistema de IA. Casos semelhantes continuam acontecendo em 2025, apesar da crescente conscientização sobre estas falhas.

O Perigo das “Caixas Pretas”

Muitos sistemas de IA funcionam como “caixas pretas” – nem mesmo seus criadores conseguem explicar precisamente por que tomam determinadas decisões. Isso se torna particularmente problemático em aplicações de alto risco, como geração de retratos falados baseados em descrições verbais de suspeitos.

O “Explorador de Preconceitos Estáveis” é uma ferramenta que permite analisar vieses em modelos de geração de imagens, especialmente na representação de profissões. A pesquisa revelou uma representação desproporcional de branquitude e masculinidade em 150 profissões analisadas – com advogados e CEOs sendo retratados como homens brancos em quase 100% dos casos, apesar da diversidade real nestas áreas.

Em 2025, com a proliferação de sistemas de IA em contextos cada vez mais sensíveis, ferramentas como estas tornam-se essenciais para identificar e corrigir vieses antes que causem danos irreparáveis.

Construindo Barreiras de Proteção Para Sociedade e Planeta

À medida que a IA se entrelaça no tecido de nossas sociedades – dos smartphones aos sistemas judiciais, das redes sociais às economias – torna-se crucial mantê-la acessível, transparente e responsável.

Não existe solução única para desafios complexos como viés algorítmico, direitos autorais ou impacto ambiental. No entanto, ao criar ferramentas para medir estes impactos, podemos:

  • Fornecer dados para que empresas façam escolhas mais responsáveis
  • Auxiliar legisladores no desenvolvimento de regulamentações eficazes
  • Capacitar usuários para selecionar modelos confiáveis que não deturpem ou utilizem indevidamente seus dados

Em 2025, a abordagem multifacetada para governance de IA tornou-se mais sofisticada, com colaborações entre setor privado, academia, sociedade civil e governos para estabelecer padrões e práticas responsáveis.

O Caminho à Nossa Frente

Focar exclusivamente em potenciais riscos existenciais futuros da IA pode desviar nossa atenção dos impactos tangíveis que já enfrentamos hoje. A IA está evoluindo rapidamente, mas seu desenvolvimento não é predeterminado – estamos construindo este caminho enquanto o percorremos, e podemos decidir coletivamente a direção que queremos seguir.

Ao invés de temer um apocalipse tecnológico distante, devemos direcionar nossa energia para criar ferramentas que tornem a IA mais transparente, sustentável e justa. Teste as ferramentas mencionadas neste artigo, participe dos debates sobre regulamentação e exija transparência das empresas cujos produtos de IA você utiliza.

O futuro da IA não será decidido apenas por especialistas ou corporações – será moldado por todos nós, através de nossas escolhas, demandas e envolvimento ativo. Faça parte desta conversa crucial enquanto ainda temos a oportunidade de definir as regras do jogo.

Perguntas Frequentes

Qual é o real impacto ambiental dos modelos de IA em uso hoje?
O impacto ambiental dos modelos de IA atuais é substancial e frequentemente subestimado. Modelos linguísticos de grande escala, como o GPT-3, podem emitir o equivalente a 500 toneladas de CO₂ durante seu treinamento – comparável a 100 carros rodando por um ano inteiro. Além disso, cada consulta a esses modelos consome energia adicional.

Para contextualizar, o modelo Bloom, considerado mais eficiente, consumiu energia equivalente a 30 residências durante um ano e emitiu 25 toneladas de CO₂ apenas em sua fase de treinamento. Com o crescimento exponencial do tamanho dos modelos (aumentando cerca de 2000 vezes nos últimos cinco anos), este impacto continua a se multiplicar.

A infraestrutura física que sustenta a IA – servidores, sistemas de refrigeração e redes de transmissão – consome grandes quantidades de água e eletricidade, além de utilizar metais e minerais raros em sua fabricação, criando um impacto ambiental que vai muito além das emissões de carbono.

Como posso verificar se minhas criações artísticas estão sendo usadas para treinar modelos de IA?
Atualmente, a principal ferramenta disponível para artistas verificarem se suas obras estão sendo utilizadas em treinamentos de IA é o “Have I Been Trained?” (ou “Já Fui Treinado?”), desenvolvido pela Spawning.ai. Esta plataforma permite pesquisar em grandes conjuntos de dados, como o LAION-5B, para identificar se suas criações foram incluídas.

O processo é relativamente simples: você pode fazer upload de imagens de suas obras ou pesquisar por palavras-chave associadas ao seu trabalho. A ferramenta então vasculha os bancos de dados públicos usados para treinar modelos de IA generativa e indica se encontrou correspondências.

Além disso, artistas podem registrar suas preferências na plataforma Spawning.ai, indicando se autorizam ou não o uso de suas obras para treinamento de IA. Embora esta indicação não tenha força legal automática, ela cria um registro formal de suas intenções, o que pode ser útil em eventuais processos judiciais relacionados a direitos autorais, como aconteceu com a artista Karla Ortiz e outros criadores que conseguiram comprovar o uso não autorizado de suas obras.

Quais ferramentas existem para medir a pegada de carbono da IA que desenvolvo ou utilizo?
Para desenvolvedores e organizações interessados em medir a pegada de carbono de seus sistemas de IA, existem diversas ferramentas disponíveis em 2025. A principal delas é o CodeCarbon, mencionado no artigo, que funciona como uma biblioteca Python que pode ser integrada ao código de treinamento para monitorar o consumo energético e calcular as emissões de CO₂ em tempo real.

Outra ferramenta relevante é o ML CO₂ Impact, que permite estimar as emissões de carbono associadas ao treinamento de modelos de aprendizado de máquina considerando variáveis como tipo de hardware, região geográfica (para cálculo do mix energético) e duração do treinamento.

Para usuários que utilizam serviços de IA em nuvem, plataformas como Green Algorithms e Cloud Carbon Footprint oferecem calculadoras que estimam o impacto ambiental das operações baseadas em parâmetros como tipo de modelo, número de consultas e região dos servidores. Estas ferramentas são particularmente úteis para empresas que desejam reportar e reduzir seu impacto ambiental digital em conformidade com as crescentes exigências de ESG.

Como os preconceitos algorítmicos afetam grupos minoritários na prática?
Os preconceitos algorítmicos afetam grupos minoritários de maneiras profundas e muitas vezes invisíveis. No sistema judicial, algoritmos enviesados utilizados para avaliar risco de reincidência têm classificado erroneamente pessoas negras como tendo maior probabilidade de cometer crimes futuros, resultando em sentenças mais longas e decisões de liberdade condicional negadas injustamente.

No acesso a oportunidades econômicas, algoritmos de seleção de candidatos para empregos podem penalizar sistematicamente candidatos com nomes tradicionalmente associados a determinadas etnias ou gêneros, perpetuando desigualdades no mercado de trabalho. Sistemas de aprovação de crédito baseados em IA têm negado financiamento a pessoas qualificadas de bairros predominantemente minoritários, reforçando a exclusão financeira.

Na área de saúde, algoritmos utilizados para determinar quais pacientes recebem cuidados adicionais podem subestimar a gravidade das condições de saúde de pacientes negros, resultando em menos recursos alocados para suas necessidades médicas. Estes exemplos demonstram como preconceitos algorítmicos não são meras abstrações técnicas, mas mecanismos que amplificam desigualdades históricas e criam novos padrões de discriminação sistêmica.

Qual é o papel dos consumidores na criação de uma IA mais ética e responsável?
Os consumidores desempenham um papel fundamental na promoção de uma IA mais ética e responsável através de seu poder de escolha e pressão por transparência. Ao optar por produtos e serviços de empresas que demonstram compromisso com práticas éticas de IA – como transparência algorítmica, respeito à privacidade e minimização de impactos ambientais – os consumidores enviam sinais claros ao mercado sobre suas prioridades.

Além disso, os consumidores podem exigir mais informações sobre como os sistemas de IA funcionam e quais dados são coletados. Questionar ativamente as empresas sobre suas práticas de desenvolvimento de IA, solicitar explicações sobre decisões algorítmicas e participar de consultas públicas sobre regulamentação são ações que pressionam por maior responsabilidade no setor.

Participar de iniciativas de letramento digital e IA também é crucial, pois consumidores mais informados podem fazer escolhas mais conscientes e identificar práticas problemáticas. Em 2025, várias plataformas de avaliação ética de IA surgiram, permitindo que consumidores comparem produtos baseados em critérios como sustentabilidade, viés algorítmico e proteção de dados, criando um mercado onde a ética se torna uma vantagem competitiva real.

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Este artigo foi baseado no vídeo abaixo. Se preferir, você pode assistir ao conteúdo original: