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Construindo Agentes Eficazes com IA: Quando, Como e Por Que Implementar esta Tecnologia

A inteligência artificial evoluiu drasticamente nos últimos anos, passando de simples ferramentas de classificação e extração para sistemas complexos capazes de tomar decisões independentes. No centro dessa evolução estão os agentes de IA – sistemas que podem determinar seu próprio caminho e operar com autonomia crescente. Mas quando devemos realmente implementar agentes? Como construí-los de forma eficaz? E como podemos entender melhor seu funcionamento?

Neste artigo, baseado nas ideias de Barry da Anthropic, exploraremos três conceitos fundamentais para a construção de agentes eficazes: escolher os casos de uso certos, manter a simplicidade e pensar como seu agente. Vamos mergulhar nesse universo e descobrir como aplicar essas estratégias nos seus projetos de IA.

A Evolução dos Sistemas de IA: De Recursos Simples a Agentes Autônomos

Antes de entrarmos nos detalhes de como construir agentes eficazes, é importante entender como chegamos até aqui. A jornada começou com recursos simples que, há apenas dois ou três anos, pareciam mágicos:

  • Sumarização de textos
  • Classificação de informações
  • Extração de dados

Com o tempo, os desenvolvedores perceberam que uma única chamada ao modelo nem sempre era suficiente. Assim, começaram a orquestrar múltiplas chamadas em fluxos de controle predefinidos, o que permitiu equilibrar custos e latência para obter melhor desempenho. Esses sistemas, que podemos chamar de workflows, representam o início do que viria a se tornar sistemas agênticos.

Hoje, com modelos muito mais capazes, estamos testemunhando o surgimento de agentes específicos para diversos domínios em ambientes de produção. Diferentemente dos workflows, esses agentes podem decidir sua própria trajetória e operar quase independentemente, com base no feedback do ambiente.

Não Construa Agentes para Tudo: Escolhendo os Casos de Uso Certos

O primeiro conselho fundamental é: não construa agentes para tudo. Por quê? Porque agentes são ferramentas especializadas, projetadas para escalar tarefas complexas e valiosas. Eles não devem ser implementados como uma mera atualização para qualquer caso de uso.

Antes de decidir implementar um agente, considere esta lista de verificação:

Complexidade da Tarefa

Os agentes realmente se destacam em espaços de problemas ambíguos. Se você consegue mapear facilmente toda a árvore de decisão, provavelmente é melhor construir esse fluxo explicitamente e otimizar cada nó. Será mais econômico e oferecerá maior controle.

Valor da Tarefa

A exploração realizada por agentes consome muitos tokens, o que aumenta os custos. Portanto, a tarefa precisa justificar esse investimento. Se seu orçamento por tarefa é de cerca de 10 centavos (por exemplo, em um sistema de suporte ao cliente de alto volume), um workflow pode ser suficiente para resolver os cenários mais comuns e capturar a maior parte do valor.

Capacidades Críticas

Certifique-se de que não existam gargalos significativos na trajetória do agente. Se você está desenvolvendo um agente de codificação, por exemplo, é essencial que ele possa escrever bom código, depurar e se recuperar de erros. Se houver gargalos, considere reduzir o escopo e simplificar a tarefa.

Custo do Erro e Descoberta de Erros

Se os erros forem de alto risco e difíceis de descobrir, será complicado confiar no agente para executar ações autônomas. Você pode mitigar isso limitando o escopo (por exemplo, oferecendo acesso somente leitura ou mantendo humanos no processo), mas isso também limitará a escalabilidade do seu agente.

Por Que a Codificação é um Ótimo Caso de Uso para Agentes

A codificação representa um excelente caso de uso para agentes por várias razões:

  • Transformar um documento de design em um PR (Pull Request) é uma tarefa ambígua e complexa
  • Código de qualidade tem um alto valor agregado
  • Modelos como o Claude já demonstraram excelência em várias partes do fluxo de trabalho de codificação
  • O resultado é facilmente verificável através de testes unitários e integração contínua

Não é à toa que estamos vendo tantos agentes de codificação criativos e bem-sucedidos atualmente.

Mantenha a Simplicidade: A Estrutura Básica de um Agente

Uma vez identificado um bom caso de uso para agentes, o segundo conselho crucial é: mantenha tudo o mais simples possível. Qualquer complexidade adicionada prematuramente irá prejudicar seriamente a velocidade de iteração do seu projeto.

Em sua essência, um agente pode ser entendido como um modelo usando ferramentas em um loop. Nesse framework, três componentes definem a estrutura de um agente:

O Ambiente

Este é o sistema no qual o agente opera. Pode variar significativamente dependendo do caso de uso.

O Conjunto de Ferramentas

Estas oferecem uma interface para o agente executar ações e receber feedback.

O Prompt do Sistema

Define os objetivos, restrições e comportamento ideal para o agente funcionar no ambiente.

O modelo é então chamado em um loop, permitindo que o agente interaja continuamente com o ambiente através das ferramentas disponíveis.

Independentemente da aparência superficial ou do escopo de diferentes agentes, eles compartilham essa mesma estrutura básica. As principais decisões de design são:

  1. Quais ferramentas oferecer ao agente
  2. Como instruir o agente através do prompt

Concentre-se primeiro nestes três componentes fundamentais e só depois pense em otimizações. Por exemplo:

  • Para agentes de codificação, você pode querer armazenar a trajetória em cache para reduzir custos
  • Para agentes de busca com muitas chamadas de ferramentas, você pode paralelizar operações para reduzir a latência
  • Para praticamente todos os agentes, é importante apresentar o progresso de forma que conquiste a confiança do usuário

Mantenha-o o mais simples possível enquanto estiver iterando. Construa primeiro estes três componentes e depois otimize quando o comportamento estiver adequado.

Pense Como Seu Agente: Adotando a Perspectiva da IA

O terceiro conceito fundamental é pensar como seu agente. Muitos desenvolvedores criam agentes a partir de suas próprias perspectivas e ficam confusos quando o agente comete erros aparentemente ilógicos. Para evitar isso, coloque-se no contexto do agente.

Embora os agentes possam exibir comportamentos sofisticados e aparentemente complexos, em cada etapa o modelo está apenas executando inferências com base em um conjunto muito limitado de contexto — geralmente entre 10.000 e 20.000 tokens. Tudo o que o modelo sabe sobre o estado atual do mundo está contido nesse contexto.

Para entender melhor como os agentes “veem” o mundo, tente realizar uma tarefa inteira da perspectiva do agente. Por exemplo, se você estiver desenvolvendo um agente de uso de computador:

  • Você recebe apenas uma captura de tela estática e uma descrição (muitas vezes imprecisa)
  • Você pode raciocinar o quanto quiser, mas apenas suas ferramentas afetarão o ambiente
  • Enquanto a ferramenta está executando, é como se você estivesse “de olhos fechados”, sem feedback imediato
  • Quando recebe a próxima captura de tela, você precisa deduzir o que aconteceu e planejar o próximo passo

Este exercício pode ser revelador e ajudará você a identificar o que o agente realmente precisa para ter sucesso, como informações sobre a resolução da tela, ações recomendadas e limitações.

Uma vantagem importante é que estamos construindo sistemas que “falam nossa língua”. Você pode simplesmente perguntar ao modelo (como o Claude) se as instruções são ambíguas, se ele entende como usar uma ferramenta, ou mesmo por que tomou determinada decisão. Isso não substitui sua própria compreensão do contexto, mas ajuda a obter uma perspectiva mais próxima de como o agente está interpretando o mundo.

O Futuro dos Agentes de IA: Tendências e Questões em Aberto

Olhando para o futuro, há várias áreas de desenvolvimento que podem transformar significativamente o campo dos agentes de IA:

Agentes com Maior Consciência de Orçamento

Diferentemente dos workflows, ainda não temos um bom controle sobre custos e latência para agentes. Definir e impor orçamentos em termos de tempo, dinheiro e tokens será crucial para viabilizar mais casos de uso em ambientes de produção.

Ferramentas Auto-evolutivas

Já usamos modelos para ajudar a iterar nas descrições de ferramentas, mas isso pode evoluir para “meta-ferramentas” onde os agentes podem projetar e melhorar suas próprias ferramentas. Isso tornará os agentes mais versáteis, adaptando-se às necessidades de cada caso de uso.

Colaborações Multi-agentes

É provável que vejamos muito mais colaborações entre múltiplos agentes em ambientes de produção ainda este ano. Essas configurações permitem melhor paralelização e separação de preocupações. Subagentes, por exemplo, podem proteger a janela de contexto do agente principal.

Uma grande questão em aberto é como esses agentes se comunicarão entre si, especialmente considerando que atualmente estamos limitados principalmente a termos de usuário-assistente síncronos.

Aplicando Estes Conceitos em Seus Projetos

Para implementar efetivamente agentes em seus projetos, comece fazendo as perguntas certas:

  • Esta tarefa é realmente complexa o suficiente para justificar um agente?
  • O valor gerado compensará o custo adicional?
  • Quais são as ferramentas mínimas que meu agente precisará?
  • Como posso formular um prompt claro que oriente o comportamento do agente?
  • Quais são os possíveis gargalos ou limitações que meu agente enfrentará?

Comece simples, iterando rapidamente sobre os três componentes básicos (ambiente, ferramentas, prompt). Só depois disso, dedique-se a otimizações de custo, latência e experiência do usuário.

Não se esqueça de testar regularmente seu agente do ponto de vista dele próprio. Isso ajudará você a identificar lacunas no contexto e melhorar a eficácia geral do sistema.

Inspirando-se Para o Próximo Passo

A era dos agentes de IA está apenas começando, e há um enorme potencial para criar sistemas que realmente ajudem as pessoas a realizar tarefas complexas de forma mais eficiente. Ao seguir os princípios de escolher casos de uso apropriados, manter a simplicidade e pensar como seu agente, você estará bem posicionado para criar soluções inovadoras e eficazes.

Lembre-se sempre dos três pontos principais: não construa agentes para tudo, mantenha-os simples pelo maior tempo possível e pense como seu agente enquanto itera. Com essa mentalidade, você poderá aproveitar ao máximo o potencial dessa tecnologia revolucionária.

Experimente implementar esses conceitos em seu próximo projeto e observe como eles transformam sua abordagem para construir sistemas de IA mais inteligentes, eficientes e úteis. O futuro da engenharia de IA está nas mãos de pessoas como você, que estão dispostas a explorar, experimentar e inovar nesse campo em rápida evolução.

Perguntas Frequentes

O que exatamente é um agente de IA e como ele difere de um workflow simples?
Um agente de IA é um sistema que utiliza modelos de linguagem para tomar decisões e executar ações de forma autônoma, com base no feedback do ambiente. Diferentemente de um workflow tradicional, onde as etapas são predefinidas e seguem um caminho determinístico, os agentes podem determinar sua própria trajetória.

A principal diferença está na autonomia e na capacidade de adaptação. Enquanto workflows seguem regras explícitas estabelecidas pelos desenvolvedores, os agentes possuem maior liberdade para decidir quais ferramentas usar e como abordar problemas, baseando-se no contexto atual e nos feedbacks recebidos. Isso os torna mais flexíveis, mas também potencialmente mais custosos e menos previsíveis.

Em termos práticos, um workflow é como seguir uma receita de bolo passo a passo, enquanto um agente é como um chef que decide quais técnicas e ingredientes usar com base na situação atual para criar o melhor prato possível.

Quais são os critérios mais importantes para decidir se devo usar um agente de IA para uma determinada tarefa?
Os critérios mais importantes para decidir se uma tarefa justifica o uso de um agente de IA são: complexidade, valor, capacidades críticas e custo de erros.

Complexidade: A tarefa deve ser suficientemente ambígua e complexa para se beneficiar da flexibilidade de um agente. Se você consegue mapear facilmente toda a árvore de decisão, um workflow simples provavelmente será mais eficiente.

Valor: Como agentes geralmente consomem mais tokens e recursos computacionais, a tarefa precisa gerar valor suficiente para justificar esse custo adicional. Tarefas de alto valor como desenvolvimento de software, pesquisa avançada ou análise estratégica são candidatas ideais.

Capacidades críticas: Verifique se não há gargalos significativos que possam prejudicar o desempenho do agente. Por exemplo, um agente de codificação precisa escrever código eficiente, depurar e se recuperar de erros.

Custo e descoberta de erros: Considere o impacto potencial dos erros e a facilidade de detectá-los. Se os erros podem ter consequências graves e são difíceis de identificar, você precisará implementar verificações adicionais ou limitar a autonomia do agente.

Como posso reduzir os custos ao implementar agentes de IA em meus projetos?
Para reduzir custos ao implementar agentes de IA, você pode adotar várias estratégias eficazes:

Primeiro, defina escopo claro e limitado para seu agente. Quanto mais restrito e específico for o domínio de atuação, menor será o espaço de exploração necessário, resultando em menos chamadas ao modelo e menor consumo de tokens.

Segundo, implemente caching estratégico de trajetórias comuns. Armazene respostas para cenários frequentes, evitando recalcular soluções para problemas já resolvidos anteriormente. Isso é especialmente útil em agentes de codificação ou consulta.

Terceiro, refine seus prompts para serem concisos e diretivos. Prompts bem elaborados podem reduzir significativamente o “pensamento” desnecessário do agente e focar suas ações, economizando tokens. Use exemplos específicos (few-shot prompting) para demonstrar o comportamento esperado.

Adicionalmente, considere implementar mecanismos de orçamento que limitem explicitamente o número de chamadas de modelo ou ferramentas que um agente pode fazer para completar uma tarefa, forçando-o a priorizar ações de maior impacto.

Quais são as ferramentas mais comuns que os agentes de IA utilizam para interagir com o ambiente?
As ferramentas mais comuns utilizadas por agentes de IA variam conforme o domínio, mas algumas categorias destacam-se por sua aplicabilidade ampla:

Ferramentas de busca e recuperação de informações, que permitem ao agente consultar bases de conhecimento, documentação ou a web para obter dados atualizados ou específicos que não estão em seu contexto imediato.

Ferramentas de manipulação de arquivos, como leitura, escrita e modificação de documentos, código-fonte ou outros tipos de dados estruturados e não estruturados.

Ferramentas de execução de código, que permitem ao agente executar snippets de código (Python, JavaScript, etc.) para realizar cálculos, processamento de dados ou verificar a funcionalidade de código que ele está gerando.

Ferramentas de interação com APIs, permitindo que o agente se comunique com serviços externos como bancos de dados, sistemas de gerenciamento de conteúdo, ou qualquer outro serviço que exponha uma API.

Ferramentas de interface com o usuário, como navegadores automatizados, que permitem ao agente interagir com interfaces gráficas, clicando em elementos, preenchendo formulários ou interpretando o conteúdo visual de uma tela.

Como posso avaliar a eficácia de um agente de IA após implementá-lo?
Para avaliar a eficácia de um agente de IA após a implementação, você deve considerar métricas quantitativas e qualitativas que reflitam tanto o desempenho técnico quanto o valor para o usuário final.

Comece com métricas de sucesso na tarefa: qual a porcentagem de tarefas que o agente completa corretamente sem intervenção humana? Meça também a qualidade das soluções produzidas usando benchmarks específicos do domínio (como testes unitários para código ou avaliações por especialistas para conteúdo criativo).

Monitore métricas de eficiência como tempo médio para conclusão, número de tokens consumidos por tarefa e quantidade de iterações necessárias. Compare esses dados com abordagens alternativas (como workflows tradicionais ou execução manual) para quantificar os ganhos.

Avalie a experiência do usuário através de feedback direto, pesquisas de satisfação e análise do padrão de uso. Os usuários estão utilizando o agente com frequência? Estão satisfeitos com os resultados? Qual a taxa de abandono durante as interações?

Acompanhe também a resiliência do agente: com que frequência ele falha? Quando falha, consegue se recuperar ou requer intervenção humana? Quanto tempo leva para identificar e corrigir problemas?

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Este artigo foi baseado no vídeo abaixo. Se preferir, você pode assistir ao conteúdo original: